segunda-feira, 7 de maio de 2012

NATURAL


Meus pés gelados procuram se aquecer em movimentos repetidos e sem função frente ao frio que gela a alma. É a constatação do quanto sou efêmera frente ao natural. Frente aquilo que nos opera, nos rege.

É mãe! Parturiente do que somos, é a natureza forte e firme, que nos apresenta a imensidão e a insignificância.  Atreve-se a limitar a alma, em condições que se apresentam na frente do espelho como rugas, como sardas. O peso do tempo, o limiar da vida. Furtivas fontes de esperança e desespero com o que está por vir. Perdemos o sorriso infantil e ganhamos a carência de um olhar esvaziado de fé.

Em nossa volta, rege a infâmia de não pertencermos, de não sabermos. Somos destituídos do conforto uterino, e lançados a sorte. Resta-nos? O aconchego do cobertor sobre nosso corpo meio vestido, meio despido, inconstante... Entorpecido com o sono que me atropela e insinua o fim do tempo, do hoje.



Páginas