terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Gaia

Valorosos homens de posse das suas armaduras de dor, saíam pelas terras paridas em busca de sonhos iluminados pelo sol do meio dia. Maltratando a pele, craquelando os rostos, tornando-os tão iguais, que suas identidades mais pareciam o solo que pisavam. Os pés não sentiam o chão, os calos impediam. Qualquer sensação de bem-estar provocada pelo contato da mãe que não nutria seus filhos era extirpada pelo anseio do trabalho precoce.   
Por onde o olhar se destina, cacto . Sol sem vento! Falta d’água. A fome é a pior das pestes, ela desnutre a alma. Fomenta rancor naqueles que de Gaia esperam o fruto. Acabam por servirem de alimento das suas entranhas. Caprichosa terra, sedenta por moribundos, inflamada pelo desejo de ter seus filhos em seu ventre. Toma o coração do sertão, e faz dele o flagelo miserável do homem desesperançado.


Filho nativo de terras secas, profanado está seu futuro ressequido e cinza. Pobre e sombrio, 

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