Anestesiada
Demasiadamente atônita aos processos insalubres que
me encontro.
Quer ópio melhor que a presença da morte? Ela dança
na sua frente, apontando uma lança na sua cara. Ela é o buraco fétido da ferida
do mundo, é a dor da carne no leito. Qual seria a lamentação de estar vivo em
meio ao caos? Hipocrisia, afinal, corremos de medo da morte, amamos a vida,
ainda que decrépita, ainda que para reclamar do falta do tão aclamado amor.
Ainda que para se jogar de um prédio e lamentar, por ter paralisado parte do corpo.
Como somos fracos! Como somos paradoxais! Não há relevância em nossas atitudes,
não há coerência em nossas escolhas.
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